quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Semana Cultural/outubro 2008

Como já é de praxe, a última semana do mês é dedicada a semana cultural, que a cada mês aborda uma temática diferente.


Neste mês de outubro, estamos resgatando brincadeiras antigas. Entitulada de "Quem foi que disse que preciso de brinquedos caros para me divertir?", que visa demonstrar que não precisamos de brinquedos caros para nos divertirmos. Assim, temos previsto a seguinte programação:

27/10 - Contação de Histórias;
29/10 - Confecção de brinquedos com sucatas;
31/10 - Brincadeiras ao ar livre.

-------

1º encontro: assistimos ao vídeo: Livros Animados - A Cor da Cultura - ep38 que faz um resgate sobre o passado.
Após assistirmos ao vídeo, conversamos com as crianças sobre o mesmo e concluímos o quanto seria interessante que fizéssemos um resgate das brincadeiras dos nossos antepassados.
As crianças ficaram empolgadas com a idéia e partiu de uma delas que fizéssemos uma “entrevista” com nossos avós.
As crianças irão realizar a entrevista com os avós e registrarão as informações.
Eles mesmos pediram para ilustrar a entrevista e que depois criassemos um mural com as entrevistas.
Vamos aguardar as respostas...





2º encontro: a criançada colocou a mão na massa. Com sucatas criaram seus próprios brinquedos. Na realidade o brinquedo era a última coisa em que pensavam, para eles o importante era a farra de mexer com colas coloridas, papéis, tesoura, canetinhas, entre outros.









3º encontro: Resgatamos brincadeiras antigas e que divertiam tanto. Pião, bolas de gude, corda, elástico, amarelinha, etc.




terça-feira, 28 de outubro de 2008

Olha que legal!

Uma das alunas que frequenta com regularidade nossa sala de leitura, acabou de realizar cadastro para empréstimo de livros. Já no primeiro livro que levou para casa no último final de semana, trouxe as produções abaixo.


Que bom que a Sala de Leitura está conseguindo seu objetivo fim, que é o de estimular a prática leitora em nossas crianças, jovens e comunidade.


Muito já se conseguiu! Mas ainda há muito a ser conquistado!


Samantha Peichoto da Silva (8 anos - 1ª série) Livro: Coisa - Ruth Rocha

E você? Qual livro está lendo no momento?




Eleições 2008!!!!!!!!!!!!!

A Sala de Leitura têm realizado intervenções pedagógicas nas oficinas da CUFA/CDD em torno da temática: Eleições.

Aproveitamos o momento que passamos neste mês, para trabalhar a importância da consciência política que cabe a todos nós. Com isso, aproveitamos também para fazer um gancho com as eleições para escolha do nome da nossa sala.

Alunos do Teatro!




Alunos do Basquete!


Alunos da Informática!


E você? Já participou?
Vote em nosso blog!
Faltam poucos dias!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Despedida de Karlana



"Nunca desista dos seus sonhos, por mais distantes que eles pareçam estar de você, pois quem desiste daquilo que ama está designado a uma vida de tristezas e limites. Aquele que batalha, sempre terá a felicidade das vitórias que conseguir. Um dia, o seu sonho irá tornar-se em realidade, e você verá que valeu a pena todos os esforços e sacrifícios para alcançá-lo".
Autor Desconhecido
Como muitos já sabem, a Karlana, Educadora da Sala de Leitura - CDD, está deixando a CUFA por motivos de mudança de estado.
Essa foi uma pequena homenagem prestada em agradecimento a tudo que realizou por este espaço.
Sentiremos sua falta!
Seja muito feliz em sua nova jornada!

sábado, 18 de outubro de 2008

CALENDÁRIO DAS ATIVIDADES: eleições para escolha do nome da Sala de Leitura

15/11 - ENCERRAMENTO DA ELEIÇÃO.

20/11 - APRESENTAÇÃO DE ESQUETES SOBRE OS CANDIDATOS COM ALUNOS DO CURSO DE TEATRO DA CUFA / MINISTÉRIO DO TURISMO.
DIVULGAÇÃO DO RESULTADO DA ELEIÇÃO.

05/12 - REALIZAÇÃO DO PROJETO "QUEM LÊ SABE MAIS E ULTRAPASSA LIMITES"2008.

TEREMOS:

*INAUGURAÇÃO DA SALA DE LEITURA COM INTERVENÇÃO DE GRAFITTE;

*OFICINAS PEDAGÓGICAS REALIZADAS PELO PROETNO (NIESC/UNIRIO);

*APRESENTAÇÃO DE ATIVIDADES CULTURAIS;

*EXIBIÇÃO DO DOCUMENTÁRIO DA SALA DE LEITURA REALIZADO EM PARCERIA COM OS ALUNOS DO CURSO DE AUDIOVISUAL-CUFA/MINISTÉRIO DO TURISMO;

*APRESENTAÇÃO DE PEÇA TEATRAL.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Q UA R T O D E D E S P E J O

Trechos do Diário de Carolina Maria de Jesus

Estes são trechos do diário de Carolina
Maria de Jesus, moradora da favela do Canindé,
em São Paulo, catadora de lixo e mãe de três
fi lhos. Transcrevemos suas palavras letra por letra,
desconsiderando o fato de que ela escreve fora da
norma culta e no ano de 1955, antes da Reforma
Ortográfi ca.

15 de julho de 1955
Aniversário de minha filha Vera Eunice.
Eu pretendia comprar um par de sapatos para ela.
Mas o custo dos gêneros alimenticios nos impede
a realização dos nossos desejos. Atualmente somos
escravos do custo de vida. Eu achei um par de sapatos
no lixo, lavei e remendei para ela calçar.
Eu não tinha um tostão para comprar pão.
Então eu lavei 3 litros e troquei com o Arnaldo.
Êle fi cou com os litros e deu-me pão. Fui receber o
dinheiro do papel. Recebi em 65 cruzeiros. Comprei
20 de carne. 1 quilo de toucinho e 1 quilo de açucar
e sis cruzeiros de queijo. E o dinheiro acabou-se.
Passei o dia indisposta. Percebi que estava
resfriada. A noite o peito doia-me. Comecei tussir.
Resolvi não sair a noite para catar papel. Procurei
meu fi lho João José. Êle estava na rua Felisberto de
Carvalho, perto do mercadinho. O onibus atirou um
garoto na calçada e a turba afl uiu-se. Êle estava no
nucleo. Dei-lhe uns tapas e em cinco minutos êle
chegou em casa.
Ablui as crianças, aleitei-as e ablui-me e
aleitei-me. Esperei até as 11 horas, um certo alguem.
Êle não veio. Tomei um melhoral e deitei-me
novamente. Quando despertei o astro rei deslizava no
espaço. A minha fi lha Vera Eunice dizia: – Vai buscar
água mamãe!
17 de julho de 1955
Domingo. Um dia maravilhoso. O céu azul
sem nuvem. O sol está tepido. Deixei o leito as 6,30.
Fui buscar agua. Fiz café. Tendo só um pedaço de
pão e 3 cruzeiros. Dei um pedaço a cada um, puis
feijão no fogo que ganhei ontem do Centro Espirita
da Rua Vergueiro 103. Fui lavar minhas roupas.
Quando retornei do rio o feijão estava cosido. Os
fi lhos pediram pão. Dei os 3 cruzeiros ao João José
para ir comprar pão. Hoje é a Nair Mathias quem
começou impricar com os meus fi lhos. A Silvia e o
espôso já iniciaram o espetaculo ao ar livre. Êle está
lhe espancando. E eu estou revoltada com o que as
crianças presenciam. Ouvem palavras de baixo calão.
Oh! se eu pudesse mudar daqui para um nucleo mais
decente.
Fui na D. Florela pedir um dente de alho. E
fui na D. Analia. E recebi o que esperava:
— Não tenho!
Fui torcer as minhas roupas. A D. Aparecida
perguntou-me:
— A senhora está gravida?
— Não senhora — respondi gentilmente.
E lhe chinguei interiormente. Se estou gravida
não é de sua conta. Tenho pavor destas mulheres da
favela. Tudo quer saber! A lingua delas é como os pés
de galinha. Tudo espalha. Está circulando rumor que
eu estou gravida! E eu, não sabia!
Saí a noite, e fui catar papel. Quando eu
passava perto do campo do São Paulo, varias pessoas
saiam do campo. Todas branca, só um preto. E o preto
começou insultar-me:
— Vai catar papel, minha tia? Olha o buraco,
minha tia.
Eu estava indisposta. Com vontade de deitar.
Mas, prossegui. Encontrei varias pessoas amigas
e parava para falar. Quando eu subia a Avenida
Tiradentes encontrei umas senhoras. Uma perguntoume:
— Sarou as pernas?
Depois que operei, fi quei bôa, graças a Deus.
E até pude dançar no Carnaval, com minha fantasia de
penas. Quem operou-me foi o Dr. José Torres Netto.
Bom médico. E falamos de politicos. Quando uma
senhora perguntou-me o que acho do Carlos Lacerda,
respondi concientemente:
— Muito inteligente. Mas não tem iducação.
É um politico de cortiço. Que gosta de intriga. Um
agitador.
Uma senhora disse que foi pena! A bala que
pegou o major podia acertar no Carlos Lacerda.
— Mas o seu dia... chegará — comentou
outra.
Varias pessoas afl uiram-se. Eu, era o alvo da
atenções. Fiquei apreensiva, porque eu estava catando
papel, andrajosa (...) Depois, não mais quiz falar com
ninguem, porque precisava catar papel. Precisava de
dinheiro. Eu não tinha dinheiro em casa para comprar
pão. Trabalhei até as 11,30. Quando cheguei em casa
era 24 horas. Esquentei a comida, dei para a Vera
Eunice, jantei e deite-me. Quando despertei, os raios
solares penetrava pelas frestas do barracão.
Carolina Maria de Jesus


Fonte: Jornal PlásticoBolha dos estudantes de Letras da PUC- Rj

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

ULTIMO TEXTO DE LIMA BARRETO...CONFIRAM

Quase ela deu o "sim", mas...
Lima Barreto
João Cazu era um moço suburbano, forte e saudável, mas pouco ativo e amigo do trabalho.

Vivia em casa dos tios, numa estação de subúrbios, onde tinha moradia, comida, roupa, calçado e algum dinheiro que a sua bondosa tia e madrinha lhe dava para os cigarros.

Ele, porém, não os comprava; "filava-os" dos outros. "Refundia" os níqueis que lhe dava a tia, para flores a dar às namoradas e comprar bilhetes de tômbolas, nos vários "mafuás", mais ou menos eclesiásticos, que há por aquelas redondezas.

O conhecimento do seu hábito de "filar" cigarros aos camaradas e amigos, estava tão espalhado que, mal um deles o via, logo tirava da algibeira um cigarro; e, antes de saudá-lo, dizia: —Toma lá o cigarro, Cazu.Vivia assim muito bem, sem ambições nem tenções. A maior parte do dia, especialmente a tarde, empregava ele, com outros companheiros, em dar loucos pontapés, numa bola, tendo por arena um terreno baldio das vizinhanças da residência dele ou melhor: dos seus tios e padrinhos.

Contudo, ainda não estava satisfeito. Restava-lhe a grave preocupação de encontrar quem lhe lavasse e engomasse a roupa, remendasse as calças e outras peças do vestuário, cerzisse as meias, etc., etc.

Em resumo: ele queria uma mulher, uma esposa, adaptável ao seu jeito descansado.

Tinha visto falar em sujeitos que se casam com moças ricas e não precisam trabalhar; em outros que esposam professoras e adquirem a meritória profissão de "maridos da professora"; ele, porém, não aspirava a tanto.Apesar disso, não desanimou de descobrir uma mulher que lhe servis convenientemente.

Continuou a jogar displicentemente, o seu football vagabundo e a viver cheio de segurança e abundância com os seus tios e padrinhos.

Certo dia, passando pela porteira da casa de uma sua vizinha mais ou menos conhecida, ela lhe pediu:

— "Seu" Cazu, o senhor vai até à estação?

— Vou, Dona Ermelinda.

— Podia me fazer um favor?

— Pois não.

— É ver se o "Seu" Gustavo da padaria "Rosa de Ouro", me pode ceder duas estampilhas de seiscentos réis. Tenho que fazer um requerimento ao Tesouro, sobre coisas do meu montepio, com urgência, precisava muito.

— Não há dúvida, minha senhora.

Cazu, dizendo isto, pensava de si para si: ,'É um bom partido. Tem montepio, é viúva; o diabo são os filhos!" Dona Ermelinda, à vista da resposta dele, disse:

— Está aqui o dinheiro.

Conquanto dissesse várias vezes que não precisava daquilo — o dinheiro — o impenitente jogador de football e feliz hóspede dos tios, foi embolsando os nicolaus, por causa das dúvidas.

Fez o que tinha a fazer na estação, adquiriu as estampilhas e voltou para entregá-las à viúva.

De fato, Dona Ermelinda era viúva de um contínuo ou cousa parecida de uma repartição pública. Viúva e com pouco mais de trinta anos, nada se falava da sua reputação.

Tinha uma filha e um filho que educava com grande desvelo e muito sacrifício.

Era proprietária do pequeno chalet onde morava, em cujo quintal havia laranjeiras e algumas outras árvores frutíferas.

Fora o seu falecido marido que o adquirira com o produto de uma "sorte" na loteria; e, se ela, com a morte do esposo, o salvara das garras de escrivães, escreventes, meirinhos, solicitadores e advogados "mambembes", devia-o à precaução do marido que comprara a casa, em nome dela.

Assim mesmo, tinha sido preciso a intervenção do seu compadre, o Capitão Hermenegildo, a fim de remover os obstáculos que certos " águias" começavam a pôr, para impedir que ela entrasse em plena posse do imóvel e abocanhar-lhe afinal o seu chalézito humilde.

De volta, Cazu bateu à porta da viúva que trabalhava no interior, com cujo rendimento ela conseguia aumentar de muito o módico, senão irrisório montepio, de modo a conseguir fazer face às despesas mensais com ela e os filhos.

Percebendo a pobre viúva que era o Cazu, sem se levantar da máquina, gritou:

— Entre, "Seu" Cazu.

Estava só, os filhos ainda não tinham vindo do colégio. Cazu entrou.

Após entregar as estampilhas, quis o rapaz retirar-se; mas foi obstado por Ermelinda nestes termos:

— Espere um pouco, "Seu" Cazu. Vamos tomar café.

Ele aceitou e, embora, ambos se serviram da infusão da "preciosa rubiácea" , como se diz no estilo "valorização".

A viúva, tomando café, acompanhado com pão e manteiga, pôs-se a olhar o companheiro com certo interesse. Ele notou e fez-se amável e galante, demorando em esvaziar a xícara. A viuvinha sorria interiormente de contentamento. Cazu pensou com os seus botões: "Está aí um bom partido: casa própria, montepio, renda das costuras; e além de tudo, há de lavar-me e consertar a roupa. Se calhou, fico livre das censuras da tia..."

Essa vaga tenção ganhou mais corpo, quando a viúva, olhando-lhe a camisa, perguntou:

— "Seu " Cazu, se eu lhe disser uma cousa, o senhor fica zangado?

— Ora, qual, Dona Ermelinda?

— Bem. A sua camisa está rasgada no peito.

O senhor traz " ela" amanhã, que eu conserto "ela".Cazu respondeu que era preciso lavá-la primeiro; mas a viúva prontificou-se em fazer isso também. O player dos pontapés, fingindo relutância no começo, aceitou afinal; e doido por isso estava ele, pois era uma " entrada" , para obter uma lavadeira em condições favoráveis.

Dito e feito: daí em diante, com jeito e manha, ele conseguiu que a viúva se fizesse a sua lavadeira bem em conta.

Cazu, após tal conquista, redobrou de atividade no football, abandonou os biscates e não dava um passo, para obter emprego. Que é que ele queria mais? Tinha tudo...

Na redondeza, passavam como noivos; mas não eram, nem mesmo namorados declarados.

Havia entre ambos, unicamente um "namoro de caboclo", com o que Cazu ganhou uma lavadeira, sem nenhuma exigência monetária e cultivava-o carinhosamente.

Um belo dia, após ano e pouco de tal namoro, houve um casamento na casa dos tios do diligente jogador de football. Ele, à vista da cerimônia e da festa, pensou: "Porque também eu não me caso? Porque eu não peço Ermelinda em casamento? Ela aceita, por certo; e eu..."

Matutou domingo, pois o casamento tinha sido no sábado; refletiu segunda e, na terça, cheio de coragem, chegou-se à Ermelinda e pediu-a em casamento.

— É grave isto, Cazu. Olhe que sou viúva e com dois filhos!

— Tratava "eles" bem; eu juro!

— Está bem. Sexta-feira, você vem cedo, para almoçar comigo e eu dou a resposta.Assim foi feito. Cazu chegou cedo e os dous estiveram a conversar. Ela, com toda a naturalidade, e ele, cheio de ansiedade e, apreensivo.

Num dado momento, Ermelinda foi até à gaveta de um móvel e tirou de lá um papel.

— Cazu — disse ela, tendo o papel na mão— você vai à venda e à quitanda e compra o que está aqui nesta "nota".

É para o almoço.Cazu agarrou trêmulo o papelucho e pôs-se a ler o seguinte:

1 quilo de feijão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .600 rs.

1/2 de farinha. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 200 rs.

1/2 de bacalhau. . . . . . . . . . . .. . . . . . . .1.200 rs.

1/2 de batatas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 360 rs.

Cebolas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 200 rs.

Alhos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .100 rs.

Azeite. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 300 rs.

Sal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100 rs.

Vinagre. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 200 rs

.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.260 rs.

Quitanda:

Carvão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ...280 rs.

Couve. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ....200 rs.

Salsa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ...100 rs.

Cebolinha. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ......100 rs.

tudo: . . . . . . . . . . . ..............................3.860 rs.

Acabada a leitura, Cazu não se levantou logo da cadeira; e, com a lista na mão, a olhar de um lado a outro, parecia atordoado, estuporado.

— Anda Cazu, fez a viúva. Assim, demorando, o almoço fica tarde...

— É que...— Que há?

— Não tenho dinheiro.

— Mas você não quer casar comigo? É mostrar atividade meu filho! Dê os seus passos... Vá! Um chefe de família não se atrapalha... É agir !

João Cazu, tendo a lista de gêneros na mão, ergueu-se da cadeira, saiu e não mais voltou...
(mantida a grafia da época) LIMA BARRETO